Após quatro anos de crescimento ininterrupto, as plataformas de streaming de conteúdo parecem ter atingido um ponto de estagnação. A Twitch, uma das maiores plataformas de streaming pertencente à Amazon, está a enfrentar um futuro incerto com previsões económicas desfavoráveis para 2024. Esta situação levou a empresa a tomar a difícil decisão de despedir 35% da sua força de trabalho, o que se traduz em cerca de 500 funcionários.
A Twitch tem vindo a implementar um plano de redução de custos desde o final de 2022, tendo já realizado duas rondas de despedimentos em 2023. Em Março desse ano, a empresa dispensou 400 pessoas na Coreia do Sul e, em Dezembro, anunciou o encerramento definitivo da sua divisão asiática devido aos elevados custos de operação.
A saída de figuras importantes da empresa, incluindo o CEO Emmet Shear, que deixou a plataforma após 16 anos, tem sido uma constante desde os primeiros despedimentos. A empresa expressou a sua gratidão pelos contributos destes líderes talentosos e desejou-lhes o melhor para o futuro.
As previsões de receitas para 2024 não são animadoras, o que poderá ser o inicio para a nova ronda de despedimentos. Estas previsões desfavoráveis derivam da preocupação com a perda de audiência nos últimos meses e os elevados custos operacionais de manter uma plataforma que suporta 1.800 milhões de horas de conteúdo de vídeo em direto por mês.
A Twitch tem procurado formas de monetizar a sua audiência, alterando a monetização de conteúdos e os pagamentos aos criadores de conteúdo. No entanto, a crescente concorrência de outras plataformas, como a Kick, que tem oferecido contratos milionários às principais figuras que transmitiam na Twitch, tem prejudicado a sua estratégia.
O grande problema da Twitch, além da concorrência, é que a Amazon pagou 970 milhões de dólares em 2014 para adquirir a plataforma e, uma década depois, continua a não ser rentável. Dan Clancy, o atual CEO que assumiu o comando em 2023, tem feito todos os esforços para estabelecer um contacto mais direito com os criadores de conteúdo, mas os seus esforços não têm sido recompensados com um aumento nas receitas e as previsões para 2024 não são favoráveis.
A perda de audiência, os elevados custos operacionais e a forte concorrência estão a colocar a plataforma numa posição difícil. A decisão de despedir uma grande parte da sua força de trabalho é um sinal claro das dificuldades que a empresa está a enfrentar. Na minha opinião, a Twitch precisa de encontrar formas inovadoras de atrair e reter a sua audiência, bem como de reduzir os seus custos operacionais, para poder sobreviver num mercado cada vez mais competitivo.
Fonte: Bloomberg