Os algoritmos assumem, cada vez mais, funções de gestão, e essa mudança de paradigma está a trazer cada vez mais consequências tóxicas para o local de trabalho. Desde há algum tempo que temos vindo a assistir à substituição de alguma mão de obra humana por robôs (triagem de candidatos a um emprego, avaliações de desempenho ou funções mais “automatizadas”), mas está cada vez mais próxima a realidade de o próprio patrão ser um algoritmo, relata o World Crunch.
Acredita-se que, à medida que os sistemas de vigilância e monitorização se tornam cada vez mais sofisticados, aumentará a capacidade de os gestores serem algoritmos, particularmente em áreas em que a tecnologia utilizada pode rastrear os movimentos dos trabalhadores.
Do ponto de vista do empregador, há várias vantagens em transferir tarefas dos humanos para algoritmos, uma vez que, deste modo, reduzem-se os custos empresariais, conseguem-se tarefas concluídas em menos tempo e evitam-se os conflitos e ausências por doença nos locais de trabalho. Contudo, nem tudo serão vantagens. Para alguns jornalistas, investigadores e políticos, há o risco de ocorrer o preconceito algorítmico, ou seja, quando o algoritmo avalia, por exemplo, um currículo, poderá beneficiá-lo em determinados aspetos em detrimento de outros, uma vez que os algoritmos clássicos são programados para tomarem decisões com base em instruções passo a passo e apenas dão resultados programados.
Já os algoritmos de machine learning, por sua vez, aprendem a tomar decisões autonomamente depois de analisarem muitos dados de formação, o que os torna mais complexos à medida que se desenvolvem.
Perante um chefe algoritmo, está demonstrado que o nível de irritação dos trabalhadores aumenta, sempre que não conseguem justificar os seus argumentos a uma máquina. Estes algoritmos-chefe não são sensíveis, por exemplo, a emergências familiares com filhos. Não têm, igualmente, tolerância para com aqueles trabalhadores que se movem mais lentamente, quando se encontram em processo de aprendizagem da função que vão desempenhar. Os mesmos algoritmos não negoceiam para encontrar uma solução que ajude um trabalhador que tenha uma deficiência ou que esteja a travar uma luta com algum tipo de doença.
Posto isto, os trabalhadores que tenham um algoritmo como patrão, enfrentam alguns riscos e novas dificuldades. Embora as empresas possam achar os algoritmos de gestão altamente lucrativos, a necessidade de obter lucro não deve justificar o sofrimento dos funcionários.