A Samsung anunciou no passado mês os novíssimos Galaxy S22 e, claro, o seu modelo de destaque: o Galaxy S22 Ultra. Com diversos problemas de falta de componentes a afetar a distribuição mundial de diversas variantes e com um S21 Ultra que ainda continua disponível e a um preço inferior ao do recém-anunciado, chegou a altura de refletir como ainda se comporta o modelo do ano passado e de que forma se compara ao S22 Ultra.
Um design confortável
Para os que me acompanham no UPDATED, sabem que tinha como equipamento passado o Note20 Ultra, aquele que foi o meu primeiro equipamento da Samsung. Continuei com ele, mesmo após as suas arestas por limar e após um suporte que o enriqueceu. Contudo, a sua fraca bateria levou-me a abandonar o famoso da S-Pen para um elemento da linha S. Sendo os modelos da linha Note conhecidos pelo seu design retangular, no S21 Ultra encontrei um belo equilíbrio entre ecrã grande e design. Um que se curva nos cantos e o torna mais fácil no agarrar.
Com um generoso ecrã de 6,8 polegadas AMOLED 2X a 120Hz e capaz de descer até aos 10Hz, este suporta um pico de brilho de 1500 nits assim como o Corning Gorilla Glass Victus. Este continua a ser, assim, um dos melhores ecrãs do momento e perfeitamente capaz. Tenho de destacar novamente a sua comodidade potenciada pelo acabamento em vidro fosco e que não deixa qualquer vestígio de impressões digitais na sua traseira. Uma melhoria bem-vinda atendendo ao íman de impressão digitais do vidro no Note20 Ultra preto (a variante em bronze e branca eram foscas).
Dos elementos que destaco é o prazer que é utilizar o equipamento sob luz direta exterior, onde realizar operações torna-se possível e não uma dor de cabeça por tentar perceber o que está no ecrã.
As câmaras
A Samsung deu destaque à fotografia noturna na linha S22 e nas melhorias feitas, quer em elementos de hardware, como no software. O certo é que o S21 Ultra continua a ser um equipamento extremamente capaz. Comparando ao S22 Ultra, este não terá tanto detalhe em certas fotografias onde as condições de luz não são favoráveis ou quando se tenta fotografar recorrendo ao zoom ótico de 3 ou 10 vezes, mas o S21 Ultra continua a ser extremamente capaz.
Esta capacidade é possível de elevar pela utilização da nova aplicação Experct Raw, que ficou disponível esta semana em Portugal, e que permite utilizar todos os sensores ao máximo para, após o disparo, editar a fotografia que não foi alvo de grande processamento.
Todavia, apesar do conjunto ser dos mais versáteis, potentes e completos do universo Android, com um gigante sensor de 108MP grande angular, um de 12MP ultra grande angular, e dois de 10 MP que permitem zoom ótico de 3x e 10X, é no software que ainda não encontramos a perfeita otimização. Isto acontece no momento de tirar fotografias e no lag que continua a existir, mesmo após diversas atualizações. Isto já me levou a falhar alguns momentos de disparo o que me deixou deveras irritado. Apesar de raro de acontecer, espero que a empresa, pelo que tem mostrado de ouvir os consumidores, se foque a resolver este problema em atualizações futuras.
Quero destacar, para além do zoom e que pode ser mais subjetivo, o quão gosto do modo retrato, especialmente pela capacidade de, na última OneUI 4, este conseguir detetar animais. Existe ainda a possibilidade de utilizar este modo em conjunto com o modo noite, sendo algo automático.
Também realço o bom alcanço dinâmico das diversas lentes, incluindo a câmara frontal de 40MP que consegue oferecer uma excelente qualidade na hora de processar a imagem e com um ótimo HDR.
Problemas à parte, as diferenças foram gigantes ao mudar do Note20 Ultra para o S21 Ultra. Não só pelos problemas de foco que ficaram resolvidos, como a lente grande angular tem agora foco e permite fotografar em marco. É algo fantástico de se ver e não é algo que falha! O mesmo na capacidade de fazer zoom até dez vezes. Bem sei que muitos não compreendem a necessidade de algo assim num smartphone, mas para captar vida ao longe ou paisagens é algo alucinante e que permite fotografias únicas. Têm sempre qualidade? Não, sendo que tal acontece quando a noite se instala e o sensor e processamento lidam com dificuldades, não só pela falta de luz, como, no inverno, das próprias condições atmosféricas e da humidade que torna o sensor mais sensível.
Processamento
Havia algo que me deixava reticente em ir para um equipamento da Samsung: o processador Exynos. Muito se dizia, falava e comprovava. O certo é que, com as diversas atualizações, acabei por ganhar confiança na marca pela otimização ao software e, sendo algo que não via na utilização diária, exceto na bateria —, acabei por mudar facilmente para o S21 Ultra. A verdade é que esta mudança deu-me, não só um equipamento que dificilmente aquece, como a sua capacidade de resposta se torna prazerosa numa utilização diária e até nos momentos em que jogo Call of Duty.
Não sou um jogador ávido no smartphone, mas em todas as vezes fiquei surpreendido e, mesmo que se tenha descobrido que a Samsung limitava a performance com o Game Optimization Service (a empresa já corrigiu isto nos S22 e irá dar a mesma atualização com a OneUI 4.1), este mostra-se capaz.
Isto traduz-se na vida útil da bateria, dando-me o dobro do que conseguia obter no Note20 Ultra. Isto é: se o Note20 Ultra me dava um tempo de ecrã médio entre as 3h-4h de ecrã, o S21 Ultra consegue chegar, facilmente, às 6h. Em alguns casos conseguiu mesmo passar esta marca por alguns minutos quando usava a resolução padrão de FHD. Quais as definições que tenho agora ativas para uma duração que varia entre as 5h30 -6h? Sem esquecer a taxa adaptativa de 120Hz (descendo até aos 10Hz) e a resolução máxima de WQHD+ (2K), tenho ativas as opções de bateria adaptativa e economia de energia adaptativa. Importante de notar que utilizo um papel de parede animado no bloqueio do ecrã, bem como tenho o Bluetooth sempre ativo por conta de usar o Watch3.
Não é uma bateria ao nível do que consegue um modelo Qualcomm ou até os mais recentes iPhones, mas que facilmente, e no meu caso, me dá para o dia todo. São, na verdade, diversos os dias em que me deito com o telemóvel a 20% na bateria, o que ajudará a aumentar a longevidade da mesma. Destaco ainda a grande utilização, não só de Wi-Fi, mas de redes 5G e 4G. Neste útlimo caso, onde existe predominância de utilização de redes móveis, encontro um decréscimo de, pelo menos, uma hora, na utilização do equipamento.
Ainda se torna interessante que, pelos testes feitos ao novo processador Qualcomm 8 Gen 1 e Exynos 2200, o modelo do ano passado, o Exynos 2100, consegue ser perfeitamente capaz e concorrer em diversas tarefas, como nestes testes levados a cabo pelo Android Authority:
O software
Sou utilizador Android desde os tempos do Xperia X10 mini. Isto levou-me a uma grande lealdade a tudo o que significa Android, mas uma que me deixa olhar para a concorrência e perceber os elementos positivos e negativos, quer deste ecossistema, quer do outro.
É assim com surpresa que louvo os esforços da Samsung nestes últimos dois anos. Onde, neste espaço de tempo, elevou a fasquia por duas vezes ao prometer quatro atualizações de sistema operativo e cinco anos de atualizações de segurança. Isto faz com que o S21 Ultra, lançado com a OneUI 3.1, receba até ao Android 15 (OneUI 7). Isto é gigante, especialmente nos esforços de um software que vai ficando leve, polido e suave. Mas nem tudo é um mar de rosas e algumas atualizações parecem ter quebrado a fluidez de alguns momentos, onde o software, por vezes, se arrasta por completo (por conta de quebra de frame rates) e o lag na câmara ainda não está resolvido.
Quero acreditar que o grande escrutínio da Samsung e a vontade mostrada de ouvir os consumidores e funcionários (a empresa removeu já os anúncios de aplicações e já corrigiu os limites de performance ao mesmo tempo que tem algoritmos de gestão de temperatura ativos), leva-me em crer que poderemos esperar versões da OneUI mais focadas na fluidez. Tenho igualmente de referir o quão irritante se torna ainda não termos o acordo ortográfico no sistema ou o teclado da Samsung não associar o idioma português a emojis. Apesar de ser algo “pequeno” para muitos, espero que a marca resolva isto. Vou fazer figas para que a OneUI 4.1, que indica aumentar a compatibilidade e funcionalidades do teclado a outros idiomas, dê mais vida ao português!
Isto pode ser, contudo, utópico, mas tirando estes acasos, a empresa, e o S21 Ultra, conseguem dar ao utilizador uma ótima experiência. Uma que, na verdade, e para mim se revela importante, segura. Não só pelo eventual apoio ao cliente, como pelo suporte até cinco anos e que lhe dá um valor de mercado mais duradouro. Isto, para mim e apesar de alguns elementos que precisem de correções, torna-se o mais importante.
As funcionalidades da empresa também se revelam vantajosas e, quer essas passem pelo modo Single Take na câmara, pelo painel lateral, ou pelo modo DeX, o ecossistema acaba por ficar mais rico quando ligamos, por exemplo, um wearable. Exemplo disso é a simbiose entre Samsung X Google X Microsoft que vejo com bons olhos. Torna-se fabuloso usar o telemóvel pelo ecrã do computador Windows ou de sincronizar diretamente notas e fotografias com os serviços OneNote e OneDrive. A empresa prometeu ainda mais continuidade ao integrar conteúdo trabalhado no Office entre os equipamentos o que irá, sem dúvida, elevar esta experiência. Especialmente para mim, que está sempre com ganas de trabalhar num dos meus manuscritos.
É nestes momentos que sinto alguma falta da magia entre hardware e software da S-Pen e que tinha no Note. Não a tendo ainda testado neste equipamento, a mesma pode ser adquirida à parte e, para quem a for realmente usar, parece que agora é o momento de usufruir de todas as suas potencialidades.
Em suma, e mesmo que muitos não gostem da OneUI, sou um fã assumido da facilidade de operar o equipamento com uma só mão. É uma mais valia e que se alia ao conforto de usar o telemóvel pelos seus cantos arredondados. Tem muitas aplicações instaladas? Sim. Podemos removê-las? Bem, tirando a Bixby (que continua a ser desnecessária) e algumas da Google, a empresa deixa até apagar a aplicação da Calculadora. Gostaria de ter ainda mais controlo e espero que o dêem, mas, por agora, estou satisfeito com a opção de desativar o que não quero usar e de desinstalar as últimas atualizações.
Vale a pena?
Este é o equipamento mais sólido que alguma vez usei. Um que me faz recordar o quão robusta era a experiência do velho Huawei P20 Pro. A integração e simbiose entre serviços externos à empresa é de louvar, assim como o suporte e transparência que a mesma tem dado levam-me a confiar na longevidade deste e de modelos futuros.
O software ainda precisa de mais cuidado, sim, e a OneUI 4 foi um ótimo passo nesse sentido, mas alguns dos problemas que descrevi fazem do S21 Ultra um mau equipamento? Não o sinto, e com uma OneUI 4.1 que vem refinar alguma da experiência trazida na sua primeira versão, o S21 Ultra continua extremamente capaz em 2022.
Os seus preços conseguem também agradar em comparação ao valor pedido pelo S22 Ultra. A Fnac, por exemplo, vende a versão prateada e com 256GB por 999,99€ enquanto que a variante em preto de 128GB custa 949,99€. Ja na Worten este está disponível no outlet, onde o S21 Ultra Preto Grade A com 256GB a 799,97€ e um com 512GB por 911,27€. Na Tek4life conseguem ainda preços mais baixos, onde o S21 Ultra cinza e preto com 128GB custa 959,90€.