O aquecimento global não é um tema novo para a sociedade, discutindo-se há décadas o impacto cada vez mais gravoso da ação humana para o ambiente. Os anos mais recentes têm sido frutíferos em catástrofes ambientais e cuja gravidade está diretamente relacionada com o aquecimento global.
O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas das Nações Unidas (IPCC) emitiu um novo relatório onde deixa claro que os fenómenos meteorológicos extremos continuarão a acontecer com maior frequência nos próximos anos, já que o impacto das alterações climáticas tem efeitos que, por esta altura, são já inevitáveis.
Segundo o relatório, todos os países à volta do globo serão afetados pelo aquecimento global. No novo estudo, conclui-se que a ação humana foi responsável pelo aumento da temperatura média global em 1.1ºC entre os anos de 1850 e 1900.
Um aumento das temperatura média em 1.5ºC poderá significar uma maior frequência das ondas de calor, bem como alterações relativas às estações do ano, com verões mais longos e quentes, e invernos cada vez mais curtos. Uma elevação de 2ºC na temperatura média pode significar que, nas vagas de maior calor, serão mais facilmente atingidos os “limites de tolerância críticos para a agricultura e para a saúde.”
Alguns destes efeitos têm sido especialmente notórios em 2021. O presente verão tem-se demonstrado impiedoso na Europa, com os países mais a norte a baterem recordes de temperatura máxima em vários dias nos meses de julho e agosto. A sul os efeitos são ainda mais desastrosos, com os fogos que têm devastado a Grécia e a Turquia.
As chuvas são outra das preocupações vertidas no relatório da ONU. As alterações climáticas vão significar alterações aos padrões e ciclos de pluviosidade, aumentando as chuvas em latitudes altas e reduzindo nas regiões subtropicais. A Alemanha foi uma das principais afetadas com as recentes chuvas que afetaram o país e causaram inundações desastrosas em território germânico.
Para Portugal, o impacto a médio-longo prazo deverá verificar-se pela subida dos níveis das águas que deverá implicar uma maior frequência de inundações costeiras, o que poderá ser preocupante para o país luso.
O relatório dá ainda destaque ao facto de as constantes ondas de calor levarem ao degelo do permafrost e ao fim das neves sazonais, bem como a diminuição dos glaciares e perda de gelo no Ártico.
Para Masson-Delmotte, doutorada cientista francesa, “tem sido claro, desde há décadas, que o clima da Terra está a mudar e o papel da influência humana no sistema climático é indiscutível.”
Citado pela agência Lusa, António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas, em comentário ao relatório este se trata de “um alerta vermelho para a humanidade.”
“Os alarmes são ensurdecedores: as emissões de gases de efeito estufa provocadas por combustíveis fósseis e a desflorestação estão a sufocar o nosso planeta” — completou António Guterres. “Os países também devem acabar com novas explorações e produção de combustíveis fósseis, transferindo os recursos dos combustíveis para a energia renovável.”
O português não perde, no entanto, a esperança quanto a uma reação da sociedade à evidente gravidade e impacto da ação humana para as alterações climáticas, acreditando que “se unirmos forças agora, podemos evitar a catástrofe climática. Mas, como o relatório indica claramente, não há tempo e não há lugar para desculpas.”