Há muito que a ciência procura fontes de energia eficientes e limpas como alternativas aos combustíveis fósseis. A busca por uma fonte de energia inesgotável conquistou agora mais um importante marco científico. O reator sul coreano tokamak do Korean Superconducting Tokamak Advanced Research (KSTAR) quebrou o seu próprio recorde ao trabalhar durante 30 segundos a um milhão de graus mantendo plasma superaquecido no seu interior.
A fusão nuclear tem vindo a ser estudada como alternativa aos combustíveis fosseis e para a geração de grandes quantidades de energia limpa. Tal como ocorre nas estrelas, a fusão nuclear produz quantidades de energia praticamente ilimitadas. Por isso, equipas de cientistas têm desenvolvido reatores de fusão nuclear, conhecidos como tokamaks.
Estes reatores nucleares fazem uso de ímanes poderosos o suficiente para controlar e estabilizar plasma que se encontra a queimar a milhões de graus dentro do reator. Neste processo, os núcleos de átomos mais leves juntam-se para formar núcleos mais pesados, gerando energia no processo.
Desde a conclusão da sua construção em 2007 que o reator do KSTAR tem dado passos largos e importantes nesta visão da criação de energia limpa por fusão nuclear. Em dezembro de 2020, estabeleceu o recorde mundial ao manter o plasma a 100 milhões de graus Celsius por 20 segundos. Quase 1 ano depois, o KSTAR superou-se a si próprio, estabelecendo o recorde em 30 segundos.
Sucessivas otimizações do sistema de aquecimento e melhorias do campo magnético do tokamak foram importantes para conseguir atingir este marco. Mas a equipa não se fica por aqui e pretende até 2026 bater o seu recorde até atingir os 300 segundos.
A Coreia do Sul não está sozinha nesta jornada da fusão nuclear. Em maio deste ano, a Athomic Authority do Reino Unido anunciou que desenvolveu com sucesso o primeiro sistema de exaustão tokamak, que agrega a mais valia de reduzir as temperaturas dos sistemas tokamak, permitindo-os operar por mais tempo. Uma startup americana do MIT e apoiada por Bill Gates também apresentou um íman tão poderoso quanto eficiente para integrar com os sistemas tokamak.
Todos estes avanços são incrivelmente importantes para um futuro mais sustentável e eficiente. No entanto, podemos esperar que tais sistemas não serão uma realidade para breve, devendo levar pelo menos uma década até passar de experiência científica para uma realidade viável. Atualmente, a energia que consome para executar é vastamente superior à que produz na fusão nuclear. Resta-nos esperar que os desenvolvimentos científicos nesta área continuem a progredir favoravelmente e quem sabe se em breve não teremos um sol artificial a operar na Terra?