Mais um ano chega ao fim e o mercado tecnológico começa a apontar forças para 2022, com as fabricantes a prepararem os seus equipamentos para mais uma nova geração que promete ser mais potente do que nunca. Como tem sido hábito nos últimos anos, a Qualcomm continua a ser a principal fabricante de processadores para o mercado Android, com os seus processadores da série Snapdragon 800 a tornarem-se uma referência.
Pois bem, para 2022 a empresa norte-americana tem uma nova proposta com um nome que vai além dos três algarismos. Falamos, como é claro, do Snapragon 8 Gen 1, aquele que poderá garantir à Qualcomm o top spot no mercado durante mais um ano.
Estrutura e principais novidades do Snapdragon 8 Gen 1
Apesar de ser desconhecido o nome que a Qualcomm iria dar ao seu novo processador (as apostas iam para “Snapdragon 898”), há já alguns meses que é sabido pelos fãs que a empresa iria desenvolver o seu novo processador com núcleos de microarquitetura Armv9. Não sendo esta uma novidade, a própria estrutura do processador vem a seguir aquela que a Qualcomm utilizou no Snapdragon 888, com um núcleo mais poderoso em destaque, acompanhado de mais três núcleos de desempenho e quatro núcleos eficientes.
E assim, a Qualcomm vem estrear no Snapdragon 8 Gen 1 três núcleos no mercado. O que merece maior destaque será o Cortex-X2 ( a uma frequência de 3.00 GHz), sucessor da geração X1 que fez as delicias do mercado em 2021 e que promete ainda melhor desempenho single-core na nova geração de smartphones. Este processador é acompanhado por três núcleos de alta performance Cortex-A710 a 2.5 GHz, sendo os sucessores do Cortex-A78, enquanto os quatro núcleos eficientes serão do tipo Cortex-A510, a rodar a 1.8GHz e sendo os merecidos sucessores dos Cortex-A55.
A estrutura do CPU, ainda que interessante, será para a maioria dos utilizadores insignificante. O que interessa será, no final, os ganhos a nível de desempenho. Segundo a Qualcomm, o novo CPU conseguirá garantir uma performance 20% superior face ao seu antecessor, bem como uma eficiência melhorada em 30%. Este é o salto geracional expectável, mas fica ainda assim aquém das previsões da ARM, que anunciou uns potenciais 30 pontos percentuais de melhoria ao nível do desempenho.
Já no que respeita à GPU, a Qualcomm ainda não anunciou qual será a nomenclatura do novo sistema gráfico, mas já nos adiantou com alguns pormenores interessantes. Ao que tudo indica, a nova Adreno conseguirá garantir uma performance 30% superior, mesmo sendo 25% mais eficiente a nível energético. Aliás, os resultados na API Vulkan revelam um grande salto de 60% face à anterior geração, o que poderá ser, desde logo, um bom indicador das capacidades da nova GPU (fãs dos emuladores poderão ter aqui um processador bem capaz).
As capacidades gráficas do Snapdragon 8 Gen 1 permitem tirar partido das funcionalidades Snapdragon Elite Gaming, com três novidades em destaque. O novo sistema Adreno Frame Motion permitirá otimizar a renderização, conseguindo duplicar o número de frames por segundo que a nova GPU Adreno será capaz de reproduzir. A nova Adreno terá também acesso a renderização volumétrica e ao sistema VRS Pro.
Com os sensores fotográficos cada vez mais capazes, a Qualcomm pretende oferecer às fabricantes as ferramentas necessárias para o processamento de imagem à altura das exigências do mercado. O Snapdragon 8 Gen 1 possui novamente um triplo ISP, com suporte para imagem 18-bit RAW, sendo capaz de atingir os 3.2 gigapixéis de processamento por segundo. Os benefícios serão notórios nas agora comuns câmaras de 108MP, eliminando qualquer tipo de lag na captura de uma fotografia. Este processador será capaz de fotografar até três sensores de 30MP em simultâneo sem oferecer qualquer resistência no momento da captura. E como trunfo face ao seu antecessor, o Snapdragon 8 Gen 1 tem suporte para gravação de vídeo em 8K 30fps HDR.
Entre outras funcionalidades, o novo processador terá um sistema dedicado ao melhoramento do efeito retrato nas fotografias, enquanto a deteção facial é também melhorada através da inteligência artificial. Destaque também para um sistema de correção dedicado às fotografias captadas com câmaras ultra-wide.
Não podíamos deixar de mencionar que a Qualcomm continua a dedicar recursos ao seu Qualcomm Hexagon DSP, que conta agora com o dobro da memória dedicada e suporta para int8 e int16. Segundo a empresa norte-americana, as melhorias nesta área poderão significar a execução de alguns processos em velocidades quatro vezes superiores à anterior geração.
A conectividade não traz muitas novidades, mas é sempre bom referir que o Snapdragon 8 Gen 1 terá suporte para Wi-Fi 6E e Bluetooth 5.2, bem como conectividade 5G através do modem Snapdragon X65 5G. Termina a longa lista de destaques com as novidades a nível da segurança, tendo a Qualcomm implementado no seu novo processador o sistema Trust Management Engine, dedicado a dados low-level.
Quão melhor será que o Snapdragon 888?
A questão que muitos fãs colocarão será a mencionada no subtítulo. Afinal, mais um ano e a Qualcomm presenteia-nos com um novo processador que fará o seu antecessor deixar de ser destaque no mercado. Apesar da mudança de nome, que pode transparecer uma mudança maior do que aquela que realmente é, o Snapdragon 8 Gen 1 mantém praticamente a mesma estrutura que o Snapdragon 888, fazendo o upgrade a nível de componentes ao qual já estamos habituados.
Para os fãs da tecnologia que pretendem obter a o melhor desempenho disponível no mercado e ter o latest and greatest, será óbvia a resposta de que o Snapdragon 8 Gen 1 será o mais aconselhável entre os dois processadores.
No entanto, para aqueles que já possuem um smartphone ou tablet equipado com o Snapdragon 888 (ou 888+), o upgrade será meramente opcional, já que as diferenças de desempenho ficam longe de justificar uma troca de telemóvel apenas com base nesse motivo.
Por outro lado, será também interessante aguardar por mais surpresas do mercado. A Samsung preparar atualmente a chegada do seu novo processador Exynos 2200, que será o primeiro processador da marca sul-coreana a chegar ao mercado com uma gráfica trabalhada em conjunto com a AMD. Segundo várias fontes, esta poderá ser a primeira vez em muitos anos em que a Samsung conseguirá ultrapassar a Qualcomm ao nível do desempenho do seu processador topo de gama, pelo que será interessante perceber como se compararão estas duas opções.