No mundo da tecnologia, as parcerias estratégicas entre gigantes do setor são comuns e frequentemente lucrativas. Um exemplo notável é o acordo entre a Apple e o Google, que mantém o Google como o motor de busca padrão no navegador Safari da Apple. No entanto, este acordo está sob ameaça devido a um julgamento antitruste conduzido pelo Departamento de Justiça dos EUA (DoJ), que pode ter implicações significativas para ambas as empresas.
Relatórios anteriores indicam que o Google paga à Apple até 20 mil milhões de dólares por ano para ser o motor de busca padrão nos dispositivos iPhone. Este acordo é extremamente lucrativo para ambas as partes: a Apple beneficia de uma receita substancial, enquanto o Google garante uma posição dominante no mercado de pesquisa móvel. Atualmente, estima-se que o Google gere cerca de 56 mil milhões de dólares em receitas publicitárias apenas a partir do Safari no iPhone, representando aproximadamente um quarto de todas as suas receitas de pesquisa.
O julgamento antitruste em questão está a examinar se o Google está a manter ilegalmente a sua posição dominante nos mercados de motores de busca e publicidade de pesquisa. Se o juiz decidir contra o Google, a empresa poderá perder acesso a cerca de 70% das pesquisas realizadas em iPhones. Este cenário seria um golpe significativo para o Google, que tem vindo a tentar reduzir a sua dependência da Apple.
Para se proteger contra uma possível perda de receita, o Google tem incentivado os utilizadores de iPhone a mudarem do Safari para as suas próprias aplicações, como o Google e o Chrome. Entre as funcionalidades destacadas para atrair utilizadores estão a pesquisa de imagens através do Google Lens e o feed Discover. No entanto, apesar destes esforços, a percentagem de pesquisas realizadas através das aplicações do Google em iPhones aumentou apenas de 25% para cerca de 30% nos últimos cinco anos.
Implicações para a Apple
Embora a Apple não esteja diretamente envolvida no julgamento, uma decisão contra o Google poderá afetar as práticas competitivas e as configurações padrão da Apple. Na União Europeia, por exemplo, a Apple já é obrigada a oferecer aos utilizadores a possibilidade de escolher entre vários navegadores web durante a configuração inicial do iPhone. Uma decisão semelhante nos EUA poderia forçar a Apple a adotar práticas semelhantes, potencialmente reduzindo a sua receita proveniente do acordo com o Google.
O Futuro da Pesquisa na Web
O desfecho deste julgamento antitruste poderá ter um impacto profundo no futuro da pesquisa na web e na forma como os utilizadores interagem com os seus dispositivos móveis. Se o Google for forçado a abandonar o seu acordo com a Apple, poderemos assistir a uma maior diversidade de motores de busca e navegadores a competir pelo mercado de dispositivos móveis. Por outro lado, a Apple poderá procurar novos parceiros ou desenvolver ainda mais o seu próprio motor de busca, o Apple Search.
Fonte: Bgr