Vários media, como Mediapart, Der Spiegel, Domani, IrpiMedia e EU Observer fizeram uma investigação conjunta com a organização sem fins lucrativos Lighthouse Reports e concluíram que há um novo software espião a ser ativamente usado em vários países, incluindo em Portugal. O spyware em causa, o Ubiqo, é propriedade da italiana Tykelab também responsável pelo spyware Hermit.
No Lighthouse Reports lê-se que clientes anónimos contrataram a Tykelab para monitorizar pessoas em Portugal, Grécia, Itália, Roménia, Macedónia, Líbia, Nicarágua, Malásia, Costa Rica, Iraque, Mali, Paquistão e Cazaquistão. Esse controlo é feito através de linhas telefónicas, sobretudo localizadas em ilhas da região do Pacífico que aproveitam uma lacuna do Signaling System 7 (SS7) para conseguir trocar informações entre números de diferentes redes móveis tornando possível, por exemplo, a portabilidade do número de telemóvel. O utilizador nunca se apercebe que está sob escuta e nada pode fazer, uma vez que este sistema não deixa rasto no telemóvel.
A situação vem, agora, a público através de duas fontes anónimas da indústria das telecomunicações que garantem que o grupo Tykelab está a ficar “mais ativo desde o início do ano”.
Markéta Gregorová, deputada do Parlamento Europeu e responsável pela análise aos controlos de exportação de tecnologias de vigilância, reagiu às revelações das ações da Tykelab descrevendo-as como “um risco global de segurança, dentro e fora da União Europeia”.
Desde 2021, uma onda de escândalos de hackers tem tomado conta dos países da UE, com ferramentas supostamente destinadas aos criminosos mais graves e, agora, a serem usadas contra políticos e jornalistas. O Parlamento Europeu está, de momento, focado no NSO Group de Israel e no seu principal spyware Pegasus. Já a Microsoft revela que o software de espionagem Subzero (da empresa DSIRF) também está a ser ativamente usado na Europa e a Google divulgou que um novo spyware, Hermit (da empresa RSC Labs), já foi usado pelo menos em Itália.