A quantidade de resíduos eletrónicos continua a aumentar na Europa e no mundo. Neste sentido, uma medida proposta no Parlamento Europeu exigia que algo fosse feito de forma a resolver este problema.
Enquanto vários países decidiram implementar medidas que favorecem o direito à reparação, como a França e a Austria, muitos sentem que poderá não ser suficiente e pedem-se medidas mais “a sério” para efetivamente mitigar esta adversidade.
O que é?
No sentido de dar mais liberdade aos consumidores, o Right to Repair pretende obrigar os fabricantes a facilitar a reparação dos dispositivos eletrónicos.
Atualmente, os grandes fabricantes têm implementado arquiteturas de construção que dificultam cada vez mais o trabalho de quem pretende reparar os dispositivos eletrónicos, limitando o acesso a peças de substituição e ainda a manuais de reparação. Isto aliado ao bloqueio de peças de reposição não originais, torna praticamente impossível ao consumidor reparar os seus próprios dispositivos.
“Comprarias um carro que não te deixasse trocar os pneus?”
Esta situação passa-se bastante nos grandes eletrodomésticos como frigoríficos e televisões, mas também em impressoras, computadores portáteis e até em telemóveis e automóveis.
Ainda assim, algumas destas medidas podem defender a segurança do utilizador, uma vez que por exemplo no caso do botão Home dos iPhones, a utilização da impressão digital fica bloqueada quando o botão é alterado, impedindo assim a autenticação em telemóveis roubados. Caso contrário bastaria alterar o botão para um com outra impressão digital para aceder ao dispositivo.
No entanto, a Apple é atualmente um dos maiores opositores a estes movimentos pelo direito à reparação, sendo alguns exemplos o aparecimento de constantes avisos quando a bateria é substituída por alguma não oficial, a desativação do true tone após a substuição do ecrã, as falhas associadas a motores de vibração de substituição, e também devido a terem parado a distribuição de partes de reposição a lojas independentes, para além da criação de um parafuso específico para iPhones de forma a obrigar a que os reparadores tivessem a ferramenta necessária.
O movimento
Com o crescimento destas medidas de “bloqueio” de reparações independentes, os movimentos de apoio ao direito à reparação têm vindo a acrescer por todo o mundo, extendendo-se para além da eletrónica, como por exemplo o movimento de luta pelo direito à reparação automóvel.
Estes movimentos pretendem lutar pelo aumento da vida destes dispositivos, numa altura em que as atualizações são cada vez mais escassas para sistemas antigos, tendo em conta que algumas tornam os dispositivos propositadamente mais lentos para que sejam mais rapidamente substituídos pelos consumidores.
Defesa do ambiente e das lojas de reparação independentes
Estes movimentos e medidas impostas pela União Europeia visam reduzir o desperdício eletrónico, contribuindo assim para uma ecónomia circular através da reutilização dos dispositivos, e também para um prolongamento da vida útil dos mesmos, uma vez que atualmente é até mais simples trocar os dispositivos avariados por novos dada a dificuldade de reparação.
Também as lojas de reparação independentes têm vindo a ser prejudicadas, pois não têm capacidade de resolver os problemas apresentados pelos seus clientes devido aos bloqueios impostos pelas marcas.
Neste sentido, o braço de ferro entre fabricantes e consumidores continuará, com o objetivo de permitir que cada pessoa possa fazer o que pretender com o seu próprio dispositivo.