Descobre este segmento de mercado e as tecnologias que estão envolvidas no prazer da hora de ler.
Desde que o iPhone foi apresentado, a forma como consumimos serviços e aplicações tem-se transformado ano após ano. Longe estão os tempos em que um ecrã LCD era o padrão e que o progresso nesta frente fosse lento. Na verdade, hoje temos tanta tecnologia de ecrã que seria, mais cedo ou mais tarde, esperado que uma revolução acontecesse no mercado livreiro por conta destes avanços.
Referir um e-reader é impossível sem esta transformação, uma que começou precisamente com o papel eletrónico ou, como é mais conhecido, e-ink. Esta tecnologia, e de uma forma muito simples e convencional, procura imitar o papel que tão bem conhecemos de um livro ou jornal. Esta ideologia, para alguns, parece impossível e, a verdade, é que a razão é deveras simples: num mercado pautado pelo uso massivo de smartphones, tablets e computadores, torna-se comum assumir-se que um e-reader e o seu tipo de ecrã específico, o e-ink, são iguais a todos os outros. Pois bem, é este “argumento” que está errado e que condiciona, em muito, o mercado. Sendo um ponto que dá muitas dores de cabeça às discussões sobre se é melhor ler em papel ou num e-reader, irei começar por explicar a tecnologia que alimenta esta transformação.
E-ink?
A tecnologia de e-ink, e ao contrário de ecrãs LCD ou OLED que utiliza um painel de iluminação atrás do ecrã cuja luz irá incidir diretamente nos olhos do utilizador, não utiliza luz para formar imagens. Ao invés, a iluminação acontece das laterais do dispositivo para o ecrã. Um processo que imita a refletividade do papel normal, em que este é iluminado pela luz natural do sol e/ou fontes de luz artificiais próximas.
Este ecrã é composto por duas camadas de material transparente onde, como numa sanduíche, tem no seu meio micro-esferas (como pigmentos de tinta), eletricamente programadas para formar a imagem do que lemos. Isto é: as letras e capa a preto e branco do livro digital. Aliado a este funcionamento, está uma enorme autonomia da bateria, visto que só quando se muda de página (ou para eventuais menus do e-reader), se gasta energia.
Com este avanço do e-ink e a sua produção em massa (que levou a que, no ano passado, se começassem a produzir os primeiros e-ink a cores para fins comerciais), o mercado dos leitores de livros digitais explodiu. São e foram as diversas marcas que entraram no mercado, destacando-se a Sony num segmento profissional e com produtos a imitar o tamanho de uma folha de papel (incluindo a possibilidade de escrita digital), como a Kobo e, o mais conhecido, Kindle.
O Kindle, popularmente conhecido pelas referências ou aparições em filmes americanos, apareceu no mercado em 2007, pela Amazon. Face à abrangência mundial desta empresa essencialmente retalhista, não tardou a que alternativas surgissem. Temos assim o Kobo (um acrónimo de book – o inglês de “livro”), lançado em 2010. Atendendo a que este é o único dispositivo vendido em Portugal, quer pela Fnac, quer pela empresa que o fabrica: a Rakuten, será o dispositivo destaque alvo desta publicação.
O que é um Kobo?
O Kobo é um leitor de livros digitais e disponível no nosso país pela Fnac – parceira oficial -, assim como pela loja online oficial da Rakuten. São quatro os modelos disponíveis no mercado e, quer se olhe para um modelo de 99€ ou para o de 279,99€, são praticamente iguais.
Como assim, iguais? Sim, é certo que há diferenças a ter em conta, como o tamanho do ecrã ou a resistência a salpicos de água, mas, na sua génese, a interface e funcionalidades são semelhantes.
Já sabemos, pela explicação que dei no tópico anterior, que o conforto visual é algo que caracteriza estes dispositivos. Todavia, com um e-reader a experiência de leitura torna-se mais pessoal e íntima. Desde o mudar o tamanho e tipo de letra, até ao espaçamento e margens, ler num aparelho exclusivo para esse feito torna a experiência igual, ou melhor, do que um livro/artigo em formato físico. Alterar o tipo e intensidade da iluminação é também um fator importante, tal como o de ativar o “modo noite” que torna o ecrã âmbar (também possível de ajustar). Todavia, não é só pela personalização que um e-reader se caracteriza, mas sim por dicionários de diversos idiomas e que funcionam em modo offline, assim como a possibilidade de marcar as páginas desejadas, tirar notas ou sublinhar as nossas passagens favoritas.
E os e-books?
Esta é das principais diferenças entre Kindle e o Kobo. Se, por um lado, ambos os aparelhos suportam diversos formatos, se um utilizador da Kobo quiser ler algum livro disponível somente na loja da Amazon, não irá conseguir. Isto acontece por os e-books da Amazon utilizarem o formato “.mobi“, ao invés que a Kobo opta por um mais universal: o “.ePub” (e as suas variações). Ou seja, se um leitor quiser comprar um e-book pela Wook, Bertrand ou até um site editorial português, enquanto este fica possível de ler num Kobo, o mesmo não acontece com um Kindle.
Além das principais redes livreiras portugueses, também a Kobo e Fnac vendem para a Kobo. Das vantagens de se comprar diretamente pela loja da Kobo (pelo PC, smartphone ou e-reader), é a compatibilidade completamente assegurada em formatação e, no final, a possibilidade de classificar o livro na loja online.
Mas vendem para a Kobo, como assim? Admito que possam ter ficado confusos, mas é a verdade. Enquanto que a compra de um livro digital pela Fnac ou loja online da Kobo apareça de imediato no dispositivo do leitor, uma compra pela Wook ou Bertrand dá-vos somente o ficheiro. Após isto, terão de usar o programa Adobe Digital Editions que irá validar a cópia que têm (por questões de Direitos de Autor) e transferir para o vosso Kobo de forma organizada (por autor e título).
Em suma…
É um mundo vasto aquele em que vivemos, e ignorar as potencialidades dos e-readers seria um autêntico erro. Afinal de contas, não só conseguimos carregar milhares de livros connosco num dispositivo leve, pequeno e fino, como o conforto na leitura e poupança na carteira irão surgir a longo prazo. Algo possível pela personalização de leitura adaptada às nossas necessidades oculares, assim como pelo preço apelativo de um livro em formato digital.