Às vezes temos a impressão que os desastres climáticos estão a acontecer com cada vez mais frequência, e a verdade é que estão mesmo.
Tempestades, incêndios e cheias são alguns dos exemplos mais comuns e, segundo especialistas, estes desastres naturais têm tendência a aumentar como uma consequência das alterações climáticas.
Um relatório publicado pela WMO (Organização Mundial de Meteorologia) em Agosto deste ano indica que a ocorrência de desastres climatéricos tem aumentado ao longo dos últimos 50 anos. Segundo este relatório, aconteceu uma média de um desastre relacionado com o clima, meteorologia ou água por dia, ao longo dos últimos 50 anos. Isto implica um aumento de 5 vezes durante este período.
Quais são os motivos?
A existência de fenónemos naturais destruídores não é um acontecimento recente, principalmente em algumas das zonas mais afetadas por estes desastres. No entanto, os mais recentes têm tido os mais altos níveis intensidade desde que há registos, provocando mais destruição do que tinha sido usual há alguns anos.
O aumento dos gases de efeito de estufa provocado pelo elevado consumo de combustíveis fósseis, destruição de floresta, a produção em massa de animais, entre outros contribui para o aumento da temperatura da Terra. Estes gases, como o Dióxido de Carbono, Metano e Óxido Nitroso já existem na atmosfera, mas algumas atividades têm vindo a aumentar de forma exponencial a sua quantidade, sendo que o CO2 (Dióxido de Carbono) é o maior responsável pelo aquecimento global.
Em entrevista ao The Verge, o especialista da NASA Alex Ruane, explicou que estas alterações têm provocado uma intensificação do ciclo da água, fazendo com “basicamente as coisas se movam mais rapidamente”. A humidade é retirada do oceano e da terra mais rapidamente, movendo mais humidade entre locais. Desta forma, quando chove há mais humidade a descer em direção à terra.
Isto é causado por este aumento da energia no sistema, havendo assim mais calor, e à medida que a temperatura na atmosfera sobe, sobe também a quantidade de humidade que o ar contém, absorvendo mais humidade do solo dos locais por onde este ar se desloca.
Quem é mais afetado?
As consequências provocadas pelas alterações climáticas variam de um aumento da temperatura média à escala global, ao rápido aumento do nível do mar, passando também pela aumento da quantidade de vapor de água na atmosfera e as bruscas mudanças de temperatura, responsáveis pelas crescentes cheias e chuvas intensas que têm vindo a ocorrer com mais intensidade.
No entanto, e tal como acontece em diversas situações, as consequências das alterações climáticas não afetam todas as pessoas da mesma forma. Ainda que os recentes desastres tenham vindo a ocorrer de forma igualmente destrutiva em diferentes zonas do planeta, as áreas mais ricas têm tendência a receber melhores fundos de recuperação que as áreas mais pobres. Tendo em conta que as zonas mais pobres e menos desenvolvidas são também as áreas cujos danos foram maiores, devido à falta de sistemas de prevenção e pior qualidade de construção, estas situações têm contribuído para uma maior disparidade na qualidade de vida das populações.
Para além das consequências da destruição causada pelos desastres naturais, esta diferença na forma como cada população consegue lidar com o aquecimento global também sucede em situações não tão “percetíveis”. O aumento da temperatura média, as secas que se têm feito sentir e a redução da qualidade do ar são tudo efeitos pouco sentidos por aqueles que habitam em países desenvolvidos.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), menos de 10% da população africana dispõe de ar condicionado, aliado ao reduzido acesso a água potável, estas populações tendem a ser cada vez mais afetadas pelas alterações climáticas devido à baixa capacidade de se protegerem das mesmas. Não obstante, a qualidade do ar tem baixando devido às industrias de países desenvolvidos que se têm estabelecido nos países mais pobres devido à mão de obra mais barata.
O que podemos esperar do futuro?
Apesar dos recentes aumentos, a WMO afirma também que, devido às melhores capacidades de previsão de ocorrência destes eventos, foi possível reduzir significativamente a mortalidade causada pelos mesmos.
Ainda assim, é fundamental controlar estes desastres sucedem, principalmente devido ao crescimento populacional em algumas das áreas mais afetadas e também devido à sua crescente intensidade e frequência.