Recentemente, a Neuralink, empresa de Elon Musk, revelou um vídeo impressionante onde Noland Arbaugh, um tetraplégico de 29 anos e o primeiro paciente a receber um implante de chip da empresa, joga xadrez num portátil, controlando os movimentos apenas com a sua mente.
A Neuralink é uma das empresas líderes na investigação de tecnologias BCI (Brain-Computer Interface, ou Interface Cérebro Computador), e anunciou no início deste ano o início dos ensaios em humanos. Os resultados iniciais no primeiro paciente mostraram uma prometedora detecção de picos neuronais, que a empresa agora concretizou num caso prático.
O objetivo destes ensaios é alcançar um canal natural de interação entre humanos e máquinas, através da captação das ondas cerebrais dos humanos que depois são processadas e interpretadas por um computador. Em outras palavras, a ideia é conectar cérebros humanos a uma Inteligência Artificial através de “laços neuronais”, que permitam encontrar soluções inovadoras para o tratamento de doenças neurológicas como a esclerose lateral amiotrófica (ELA), Parkinson, Alzheimer ou paralisias resultantes de acidentes de trânsito.
Noland Arbaugh, o protagonista do vídeo, é um homem de 29 anos que ficou paralisado dos ombros para baixo após um acidente de mergulho. Arbaugh foi implantado com o chip da Neuralink em janeiro, após a autorização dos ensaios em humanos, numa cirurgia descrita como “super simples” que apenas requer um dia de internamento hospitalar.
— Neuralink (@neuralink) March 20, 2024
No vídeo, vemos Arbaugh a mover o cursor do rato de um portátil com a sua mente para mover as peças de xadrez. Ele também afirmou que conseguiu jogar o jogo de estratégia Civilization VI durante 8 horas seguidas. Apesar da sua grave paralisia, Arbaugh esclareceu que “não tem nenhum deterioramento cognitivo”, tornando-se assim um paciente ideal para os testes com estas tecnologias.
Apesar do entusiasmo, é importante manter uma postura de cautela. Kip Ludwig, ex-diretor do programa de engenharia neuronal do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, afirmou que este é “um bom ponto de partida”, mas expressou algumas reservas, salientando que ainda estamos nos primeiros dias após a implantação e que há muito a aprender tanto por parte da Neuralink como do paciente.
Além disso, é importante lembrar que os avanços anunciados pela Neuralink ainda não foram confirmados cientificamente e revistos por pares. Há também questões éticas a considerar, bem como os perigos potenciais da fusão de humanos com máquinas, um tema frequentemente explorado na ficção científica.
No entanto, é crucial manter uma abordagem cautelosa e ética à medida que avançamos nesta nova era da tecnologia. Ainda há muito a aprender e a aperfeiçoar, mas os primeiros passos já foram dados, abrindo portas para um futuro onde a tecnologia pode oferecer soluções inovadoras para problemas de saúde complexos.