Em 2011, a Nokia cancelou o seu projeto MeeGo, uma nova plataforma para smartphone, dando prioridade ao sistema operativo Windows Phone da Microsoft, numa parceria que viria a ser ruinosa.
Após essa parceria, o projeto MeeGo, que muitos poderão pensar ter ficado no esquecimento, foi reaproveitado pela então recentemente formada empresa Jolla, que por sua vez deu origem ao sistema operativo Saifish OS.
Tanto a Jolla como o Sailfish OS serão desconhecidos para a grande maioria dos fãs de tecnologia. Afinal, o mercado subsume-se, atualmente, aos sistemas Android e iOS, com a Huawei a tentar a sua sorte com o Harmony OS mais recentemente.
No entanto, não podemos descartar de todo esta alternativa que é o Saifish OS, especialmente quando em 2020, após dez anos praticamente no anonimato, este sistema tornou a sua desenvolvedora finalmente rentável.
Verdade seja dita, a probabilidade de nunca teres visto um smartphone a correr o Sailfish OS, é mais que muita. Mas então de onde virá a rentabilidade da Jolla?
Pois bem, enquanto os principais sistemas quase se guiam sozinhos num mercado dependente de ambos Android e iOS (veja-se as dificuldades pelas quais a Huawei tem passado no seu abandono ao Android e aos serviços Google), o Sailfish OS tem aproveitado (e muito bem) as oportunidades de mercado junto dos seus parceiros comerciais, mantendo-se também disponível para um certo nicho de utilizadores entusiastas.
O Sailfish OS pode ser obtido por qualquer pessoa, tendo disponível um teste gratuito ao software e podendo ser adquirido por apenas 49,90 euros, numa versão bem mais completa e que oferece suporte para aplicações Android, atualizações de software frequentes, apoio técnico e outras funcionalidades.
Como acima mencionado, a Jolla mantém os seus parceiros comerciais, levando o Sailfish OS a parceiros governamentais e empresas, sendo uma das principais fontes de rendimento da empresa.
Não deixa de ser interessante que este software, que acaba por ser uma alternativa ao Android, se continue a alicerçar em aplicações do sistema operativo da Google. A verdade é que a sua inclusão permite uma transição bem mais fácil para o sistema, já que, para alguns utilizadores, certas aplicações são imprescindíveis.
Tendo conhecimento deste facto, a Jolla oferece outro serviço que se prende com a compatibilidade de apps. O AppSupport é um serviço dedicado a plataformas Linux e que, tal como o nome indica, garante o suporte para aplicações Android em sistemas baseados no Linux, como é o caso dos sistemas de infoentretenimento de veículos.
Ao ver esta alternativa aparentemente tão viável, torna-se pertinente questionar sobre o porquê de ser tão incomum encontrar alternativas ao sistema operativo Android. A verdade é que estas existem, dividindo-se entre programadores independentes e empresas reconhecidas.
A principal alternativa é o LineageOS, que se alicerça nos mesmos princípios que o seu antecessor, o CyanogenMod. Este sistema open-source tem sido alimentado por um trabalho que desde a sua origem se alimenta do conhecimento e empenho da comunidade em seu torno. Este sistema, no entanto, baseia-se no sistema Android e o seu principal ponto atrativo é a chegada das mais recentes versões do software a smartphones mais antigos.
Por outro lado, como acima mencionamos, a própria Huawei é uma das empresas que atualmente está a oferecer uma alternativa ao Android. O HarmonyOS é um sistema preparado não apenas para smartphones, mas para todo o tipo de equipamentos inteligentes no qual poderá ser instalado e utilizado. A Huawei pretende uma integração do seu ecossistema, com todos os seus aparelhos interconectados através do novo sistema operativo.
A verdade é que, contrariamente ao SailfishOS ou ao LineageOS, a Huawei teve de cortar mais do que alguns lanços com o Android, já que o seu acesso a aplicações deste sistema se viu limitado, ficando impedido de utilizar aplicações Google e aceder à Play Store (o Petal Search e a AppGallery têm, entretanto, sido importantes para atenuar a falta dos serviços Google).
Relativamente à Huawei, Sami Pienimäki, cofundador e CEO da Jolla, acredita que esta não estará no mercado para concorrer com a sua empresa, nem tampouco que o HarmonyOS vem concorrer com o SailfishOS
“Não vejo necessariamente a proposta da Huawei com o HarmonyOS e a sua tecnologia como competição para nós — acho que se trata de provar que existe apetite no mercado por qualquer coisa que não o Android.”
O otimismo do CEO da Jolla não será infundado. Com um mercado cada vez mais dependente dos sistemas digitais e da Internet das Coisas, há também cada vez mais espaço para novas propostas de software surgirem e conquistarem o seu espaço. O SailfishOS, dez anos após estar perto de ser extinto, tornou-se numa alternativa de respeito ao Android e que poderá continuar a crescer de forma sustentada.