Todos estivemos nesta situação e muito provavelmente vamos voltar a estar: chegar à conclusão de que precisamos de um novo portátil e procurar desenfreadamente em lojas online por preços ou a passar na nossa loja de confiança perto de nossa casa para dar uma olhada a alguns modelos.
As razões para comprar um novo portátil podem ser muitas e podem influenciar a escolha sobre o modelo. Afinal, um portátil de trabalho será diferente de um portátil para lazer ou de um portátil para estudantes. E dentro de cada um, há vários tipos de utilizadores.
Assim, não há uma fórmula mágica sobre como devemos escolher o modelo perfeito para nós. Aliás, desengane-se aquele que ache que um dia vai encontrar o modelo perfeito. Nesta escolha o bom será sempre inimigo do ótimo.
Existem, no entanto, alguns critérios que nos ajudarão a escolher o modelo que melhor se adequa às nossas necessidades. Ainda que, dependendo de cada um, seja possível chegar a um ponto em que vários modelos são candidatos à escolha final, é sempre possível afunilar esses modelos para tornar a nossa escolha mais fácil. Assim, vamos deixar de seguida aquela que é, a nosso ver, a melhor forma de escolher um novo portátil.
Definir um preço máximo
Com qualquer nova aquisição, os limites da nossa carteira vão ser sempre o teto máximo que não podemos ignorar. Antes de procurarmos o modelo ideal de portátil, cabe primeiro definir qual o valor máximo que estamos dispostos a despender.
Com isto, podemos pensar sobre o nosso budget noutra perspetiva. Afinal, nem sempre precisamos do melhor e mais caro possível para preencher os nossos requisitos. Comprar uma máquina com um preço elevado pode também traduzir-se em características desnecessárias para o tipo de utilidade que vamos dar à mesma.
Nesse sentido, o nosso orçamento não deve apenas responder à pergunta “até quanto posso pagar?”, mas também deve considerar a tão pertinente questão “até quanto necessito de investir?”. E se para a primeira talvez seja mais fácil responder logo à partida, a segunda terá sempre de ser ponderada de acordo com os seguintes passos e as conclusões que retirarmos dos mesmos.
Escolher o tamanho que necessitamos
Uma ótima forma de delimitarmos o tipo de portátil que necessitamos é pensar no tipo de utilização que vai ter. Apesar de todos os modelos serem, efetivamente, portáteis, nem sempre todos oferecem a mesma portabilidade, variando esta em função das suas proporções, construção e do hardware incluído.
O tamanho do computador tende também a estar associado ao tamanho do ecrã. Apesar de não haver, em teoria, limites máximos ou mínimos para o tamanho destas telas, a verdade é que a indústria se fixou entre alguns tamanhos mais convenientes e que garantem que continuamos perante um computador portátil.
Assim, os mais comuns tamanhos de ecrã no mercado são três: 13, 15.6 e 17 polegadas. Nos últimos anos, tamanhos intermédios têm sido aplicados em alguns modelos, com a popularização das 14 e 16 polegadas em ecrãs que deixam o formato 16:9 por um 3:2 ou 16:10.
Ecrãs maiores serão sempre ótimos e um ponto positivo, mas significam também um chassis de maiores dimensões. Este chassis trará consigo também, na generalidade dos casos, hardware mais pesado, o que prejudica a portabilidade. No final, será sempre importante medir a necessidade de transportar o computador, já que as suas dimensões e peso poderão ser um fator muito importante e que pode tornar a sua utilização inconveniente.
Definir as especificações adequadas
Aqui entramos num dos mais complexos momentos da seleção do nosso novo portátil. Já temos em mente um preço aproximado e o tamanho pensado, mas cabe agora perceber que tipo de características internas devem estar presentes no modelo ideal para que as nossas necessidades sejam correspondidas.
Assim, vamos começar pelo ecrã, já que do mesmo já foi falado no ponto anterior. Se o tamanho é algo importante de definir, é também importante perceber também o brilho de que este é capaz, o tipo de tela que encontramos, a sua resolução e também a sua taxa de atualização.
Um portátil utilizado muitas vezes na rua ou em locais muito iluminados irá requerer um ecrã com maior brilho (350 nits será um mínimo para este tipo de utilização e está longe de ser ideal) e, desse modo, é sempre algo que deve ser tido em consideração. No entanto, se este não é o caso do utilizador, há outras prioridades a ter em conta.
Um designer, por exemplo, deverá sempre optar por um portátil com um ecrã com cores mais precisas e fidedignas e uma alta resolução, já que são requisitos para o este tipo de trabalho. Algumas telas em modelos de valor mais baixo poderão não oferecer este tipo de características, sendo sempre importante procurar modelos com compatibilidade HDR e resolução Full HD ou Quad HD.
Por outro lado, para aqueles que procuram um portátil para sessões de jogo, é também útil aliar às características anteriores uma taxa de atualização elevada, especialmente útil para jogos competitivos.
O segundo passo será escolher o poder de processamento da máquina. Falando do processador, há vários modelos no mercado e para todo o tipo de utilizadores. Os mais convencionais serão os modelos da Intel e da AMD, que dominam o mercado atualmente, sendo que a Apple já se move, noutra liga, com os seus próprios processadores com outro tipo de tecnologia.
É também aqui importante entender as nossas necessidades para entender que tipo de processador vamos escolher. Um utilizador casual poderá ficar satisfeito com um processador quad-core ou hexa-core (quatro e seis núcleos, respetivamente), já que satisfazem a maioria das suas necessidades para utilizar programas básicos e navegar na internet. No entanto, um utilizador que utilize programas de edição mais exigentes ou seja fã de videojogos requererá sempre processadores de oito ou mais núcleos (octa-core ou superior).
Para o utilizador médio será sempre aconselhável optar por um processador Intel Core i5 ou um AMD Ryzen 5 (quanto mais recente, melhor), já que estes são capazes de garantir um desempenho bem capaz, sem elevar muito o preço. Para aqueles que precisem dos seus portáteis para os serviços mínimos, serão sempre de considerar modelos das gamas Intel Core i3 e AMD Ryzen 3. Por fim, as máquinas de maior capacidade deverão ser equipadas por modelos Intel Core i7 ou i9 e AMD Ryzen 7 ou Ryzen 9.
Há que considerar também que muitos destes processadores, ainda que equipados com gráficos integrados, podem não ser suficientes para o tipo de utilização pretendido (o nosso designer e o nosso gamer são exemplos de quem irá usufruir deste hardware) . Aqui entram as placas gráficas dedicadas, com os modelos da Nvidia a dominarem atualmente este mercado nos portáteis, podendo encontrar modelos mais modestos equipados com gráficas como a Nvidia Geforce GTX 1050 ou RTX 3050, bem como os modelos de maior capacidade e já equipados com a poderosa (e mais cara) RTX 3080.
De seguida, uma característica com que muitos utilizadores estão familiarizados mas que nem sempre tomam a melhor decisão, prende-se com a memória e armazenamento. Começando pela primeira, a RAM (random access memory) irá ajudar a definir a capacidade da carga de trabalho do computador. Uma maiorcapacidade significará que mais aplicações poderão estar abertas em simultâneo, sendo que alguns programas de maior peso também necessitam que esta capacidade seja maior (o sistema do computador utiliza constantemente uma percentagem desta memória).
Os 8GB de RAM são atualmente um mínimo recomendado para todas as máquinas, sendo que para os próximos anos, os 16GB começarão a ser muito bem-vindos. Para aqueles que exigem mais dos seus portáteis, os 16GB de RAM devem sempre ser o ponto de partida em 2022, sendo que os 32GB serão uma opção a considerar.
Já no que toca ao armazenamento, vai depender também do tipo de utilização de cada um. A forma mais fácil de perceber a capacidade que necessitamos, é aceder à máquina que utilizamos atualmente e, nas propriedades do sistema, analisarmos a quantidade do armazenamento utilizada e face à capacidade máxima. Se nos vemos constantemente sem espaço no nosso computador, será conveniente optar por escolher um modelo com mais capacidade na nova compra. Outro aspeto a ter em conta será que devemos optar pelo SSD (Solid State Drive) como tecnologia de armazenamento, devido à sua maior segurança e velocidade face à tecnologia HDD (Hard Disk Drive), ainda que na maioria das situações seja possível encontrar esta última a oferecer maior capacidade por um preço mais em conta.
Se estas são as características que de forma mais predominante ajudam a escolher um computador ideal, há também que considerar outros aspetos associados à construção e à conectividade. Um computador bem construído, seja pela sua boa montagem, seja pela qualidade dos materiais, será sempre benéfico. Um teclado confortável de utilizar e retroiluminado é também um ponto a favor. E para uma máquina que muitas vezes é utilizada no trabalho, é importante possuir uma boa webcam, um bom micro e altifalantes de qualidade.
Para fechar este tópico, falemos da conectividade. Ainda que um portátil seja pensado para utilizar como máquina independente, não são poucas as vezes que recorremos a gadgets externos, sejam eles um rato, um teclado, um disco externo, headphones ou cartões de memória. Algumas marcas têm vindo a restringir o I/O dos seus novos modelos em prol de um chassis mais elegante e leve, incorporando apenas algumas entradas USB-C, o que obriga muitas vezes a carregar adaptadores com outras entradas que nos são necessárias. Assim, e tal como no caso do armazenamento, é importante olhar para uma máquina que utilizemos atualmente e perceber que tipo de entradas utilizamos habitualmente, bem como aquelas que gostaríamos de ver equipadas. Por outro lado, podemos ver que tipo de equipamentos externos utilizamos e quais requerem conexão por cabo ao nosso computador.
Dar prioridade à autonomia
Com tudo ponderado acima, há agora que tomar uma decisão sobre qual o modelo que pretendemos escolher. Enquanto para muitos este poderá ser até o primeiro e mais importante ponto, é também interessante utilizá-lo como fator de desempate. A autonomia é definida pela capacidade da bateria e a eficiência das componentes do nosso portátil e as nossas escolhas anteriores terão sempre influência na duração da bateria do nosso PC.
Assim, se a bateria for uma prioridade, algumas das escolhas anteriores podem até ser repensadas, mas recomendamos sempre pensar primeiro nas necessidades de desempenho.
Mesmo que este não seja o critério principal para escolher um computador, poderá sempre ser um ótimo critério de desempate. Se duas máquinas de marcas diferentes mas com características praticamente idênticas estão a deixar o nosso comprador indeciso, recomendamos que seja escolhida aquela que oferece uma maior autonomia. Para averiguar qual o modelo que melhor cumpre esta tarefa, apesar de ser interessante verificar a capacidade da bateria na lista de especificações, é também importante fazer uma pesquisa na internet por analistas que tenham utilizado ambos os modelos e procurar análises com os mesmos testes, comparando os seus resultados neste tópico.
Ainda que possa haver variações nos resultados de utilizador para utilizador, esta será uma boa forma de perceber, de forma geral, qual modelo oferece maiores garantias, antes de partirmos para a compra.