Depois do famoso esquema do “olá, mãe” ou “olá, pai”, em que burlões se fazem passar pelos filhos das pessoas que contactam e a quem pedem dinheiro, os criminosos do WhatsApp têm agora novos alvos. O objetivo deste novo tipo de roubo é enganar irmãos e avós e, por estar mais refinado, o esquema já está a começar a “apanhar” pais de filhos adultos e independentes.
Este esquema começou a verificar-se em outubro de 2022 e visava, sobretudo, pais de filhos mais jovens que recebiam uma mensagem de um número desconhecido que alegava ser o seu filho a usar outro telemóvel com a desculpa de que tinha mudado de número, ou que tinha ficado sem bateria, e precisava desesperadamente de dinheiro para uma emergência. Quando os pais caíam no esquema, transferiam o dinheiro para as chamadas “contas trampolim”, em que mal o dinheiro entra, é logo retirado, dificultando a anulação das transferências quando a vítima se apercebe do sucedido.
A PSP diz que este tipo de crime no WhatsApp já fez com que os portugueses perdessem mais de um milhão de euros. Os criminosos trabalham em grupo (muitas vezes são famílias inteiras) e não estão em Portugal.
De acordo com a CNN Portugal, há também agora pessoas mais velhas a receber mensagens de “olá, avô/avó” e outras a receber “olá, mana/mano”, e com uma linguagem tão familiar e pessoal que leva a crer que se trata mesmo da pessoa que diz estar a precisar do dinheiro. Os valores exigidos também têm subido: são agora de milhares de euros.
Como obtêm os contactos móveis e sabem que se trata de uma pessoa idosa? Nuno Mateus Coelho, especialista em criminologia, refere que os criminosos descobrem estes dados na darkweb, sem ser necessário um grande investimento: “o Facebook perdeu quatro mil milhões de contas e o LinkedIn perdeu 500 mil contas onde há nomes, profissões, contactos, e-mails e datas de nascimento”.
Os burlões fazem depois alguma pesquisa sobre as vítimas, como ver se têm fotografias publicadas com os filhos ou netos. É, nessa altura, feita uma seleção. “Há que procurar aqueles que demonstram ter uma vida com menos preocupações financeiras e, por isso, podem ser mais crédulos e cedem a dar algum dinheiro”, alerta Nuno Mateus Coelho.