A partir de um pequeno excerto de voz, a Alexa vai conseguir “falar” com a voz de terceiros, possibilitando que as vozes de entes queridos já desaparecidos possam continuar a ouvir-se nas casas dos seus descendentes.
O Washington Times cita Rohit Prasad, vice-presidente sénior da Amazon e cientista-líder da Alexa, a assistente pessoal da plataforma de comércio eletrónico, anunciou que está em desenvolvimento esta nova característica ainda em desenvolvimento e sem data de lançamento, mas que já provoca reações extremadas. Basta uma pequena gravação da pessoa falecida para que o efeito seja possível.
Na conferência re:MARS, em Las Vegas, nos Estados Unidos, Prasad apresentou a nova característica da seguinte forma: “mesmo que a inteligência artificial não consiga eliminar a dor da perda, pode fazer com que as memórias perdurem”.
Prasad fez uma demonstração através de um vídeo em que alguém pedia à Alexa que a avó acabasse de ler “O Feiticeiro de Oz”. A voz que leu o livro, disse, não era a conhecida voz robótica da Alexa, mas sim a voz recriada digitalmente dessa já desaparecida avó. Para tal, disse o responsável, a Amazon teve de “aprender a produzir uma voz de alta qualidade com menos de um minuto de gravação”.
O professor de ciência de computadores da Arizona State University, Subbarao Kambhampati, disse que este é um “bom lembrete de que não podemos confiar nos nossos próprios ouvidos nestes tempos; época em que os deep fakes começam cada vez mais a ser usados para manipular as massas sem pensar em efeitos a longo prazo”.
Kambhampati chama a atenção para as “questões éticas de se fazer isto sem a autorização da pessoa desaparecida”, apesar de reconhecer que este tipo de tecnologia até pode ajudar a fazer o luto e superar a dor da perda “da mesma forma que vemos vídeos de quem morreu”.