Se há algo que a nova rede social AirChat vai gerar são comentários totalmente polarizados. Alguns dirão “finalmente alguém pensou nisto!”, enquanto outros vão queixar-se que “era só o que faltava”.
A razão para tal divisão de opiniões é simples: no AirChat, os utilizadores publicam mensagens de voz. A plataforma, que acaba de surgir e só pode ser acedida por convite, tornou-se rapidamente o assunto do momento no mundo da tecnologia.
A ideia foi lançada por Naval Ravikant, co-criador da plataforma de investidores AngelList, e Brian Norgard, ex-chefe de produto no Tinder. A interface é uma espécie de mistura de Twitter e Instagram, apresentando um fluxo vertical de blocos de texto e imagens com uma componente muito especial: provavelmente não foram escritos pelos utilizadores, lê-se na Wired.
Na verdade, esses textos são transcrições de mensagens de voz. A plataforma recebe mensagens de voz e depois converte-as em texto para que possam ser lidas. Claro que qualquer utilizador pode também ouvi-las, e o encanto da app reside precisamente nessa mistura de mensagens de voz, que são populares em plataformas como o WhatsApp, e o texto, que muitos preferem para consumir reflexões e ideias.
Ravikant comentou em uma entrevista à Bloomberg que a ferramenta não serve para saber o que uns e outros disseram enquanto não estávamos a olhar para o telefone, mas para “ver o que está a acontecer à tua volta neste momento”. O representante da AngelList compara a experiência com o estar numa festa em casa e entrar numa conversa. “É como ter uma festa caseira no meu bolso”, descreve.
Apesar do interesse gerado nos meios de comunicação, o número de downloads ainda é muito modesto: a aplicação terá sido descarregada mais de 45.000 vezes desde o seu lançamento em meados de 2023.
Quase um ano se passou e o AirChat tem passado discretamente pelo panorama tecnológico. No entanto, a recente popularidade das mensagens de voz que o WhatsApp permitirá transcrever automaticamente parece ter despertado o interesse pela proposta.
Esse interesse também se reflete entre os investidores. Sam Altman, CEO da OpenAI, “enviou um cheque, quase às cegas”, confessou Ravikant. Altman não está envolvido no desenvolvimento, mas acredita que o uso da IA para transcrever essas mensagens de voz atraiu seu interesse pela ideia.
O debate sobre o AirChat lembra muito o que aconteceu com o ClubHouse, a plataforma que permitia criar salas de chat de áudio onde um ou vários “oradores” podiam debater sobre um tema enquanto os ouvintes escutavam e até participavam. O projeto perdeu força, reduziu a sua equipa pela metade e tornou-se numa aplicação de mensagens tradicional.
Resta saber se a expectativa em torno do AirChat fará com que a aplicação e a plataforma disparem em termos de popularidade. Ter um fluxo de mensagens de voz à espera de serem ouvidas (ou lidas) pode ser atraente se forem interessantes e resultarem num bom debate, mas a ideia acaba por ser muito semelhante à proposta do ClubHouse, que acabou por se desvanecer.
O AirChat surge como uma proposta inovadora no mundo das redes sociais, focando-se na transcrição de mensagens de voz para texto. Embora a ideia seja interessante e tenha gerado algum burburinho, o seu sucesso ainda é incerto.
Fonte: Wired