Durante várias décadas, a humanidade tem especulado sobre a possibilidade de vida em Europa, uma das muitas luas de Júpiter. Esta curiosidade não é infundada, pois a busca por vida extraterrestre tem sido um dos maiores desafios da ciência desde que tivemos os meios para explorar o universo além do nosso planeta.
A ideia de que somos os únicos seres vivos no universo parece-nos estranha, e por isso a busca por novas “super terras” com condições propícias para a vida é constante. No entanto, a nossa procura não se limita apenas a planetas distantes. Há um ponto relativamente próximo, dentro do nosso próprio Sistema Solar, onde a vida pode ter existido ou ainda existir em formas microscópicas. Estou a falar de Europa, uma lua de Júpiter.
Recentemente, um estudo publicado na Science Advances trouxe novas informações sobre a espessa camada de gelo que cobre Europa. O estudo, realizado por uma equipa de cientistas, utilizou simulações para estudar a crosta gelada de Europa e chegou a algumas conclusões bastante interessantes.
Europa possui um oceano de água salgada coberto por uma camada de gelo bastante espessa, com cerca de 20 quilómetros de espessura. Através das simulações, os cientistas observaram anéis na superfície da lua que formam estruturas bastante peculiares. Estas estruturas, com vales circulares entre as falhas e cerca de 30 quilómetros de tamanho, podem revelar a composição da lua.
Através da análise de potenciais impactos que poderiam ter causado estas formações, os cientistas chegaram a conclusões sobre o tamanho real da camada de gelo. Segundo eles, Europa teria uma camada de gelo condutora de calor de entre 6 e 8 quilómetros, e abaixo dela uma camada de gelo mais quente sobre o seu oceano líquido.
Estas descobertas podem ajudar a entender se Europa tem vida extraterrestre. Os científicos acreditam que as restrições sobre a estrutura da camada de gelo de Europa indicam uma potencial habitabilidade na lua. Esta ideia tem sido considerada desde que a missão Galileo descobriu a existência de água salgada sob a superfície da camada de gelo há décadas atrás.
Europa tornou-se assim um dos principais candidatos a ter vida sob a sua superfície. No entanto, não estamos a falar de vida inteligente ou mesmo pluricelular, mas sim de vida microbiana que poderia ter-se formado nas partes mais quentes dos oceanos internos da lua de Júpiter.
A missão Clipper da NASA, que irá lançar uma sonda para o planeta em outubro deste ano, poderá trazer mais informações sobre a possível vida em Europa. No entanto, teremos de esperar até 2030 para que a sonda se situe na órbita e comece a recolher dados.
As recentes descobertas sobre a estrutura da camada de gelo e a existência de um oceano de água salgada sob a superfície aumentam a esperança de encontrar formas de vida microscópicas. No entanto, ainda temos um longo caminho a percorrer até que possamos confirmar a existência de vida extraterrestre. A missão Clipper da NASA será um passo importante nessa direção. Na minha opinião, a busca por vida extraterrestre é um dos desafios mais emocionantes da ciência moderna e estou ansioso para ver o que o futuro nos reserva.