Num mundo cada vez mais digital, a forma como interagimos com a tecnologia e as implicações que isso tem na nossa privacidade e liberdade de escolha são questões que ganham relevância a cada dia que passa. A União Europeia, atenta a estas questões, tem vindo a desenvolver legislação para assegurar mercados digitais justos e abertos, culminando na criação da Lei de Mercados Digitais (DMA). Esta legislação visa impedir que as grandes tecnológicas abusem da sua posição dominante, promovendo a competição e facilitando a entrada de empresas mais pequenas no mercado.
Neste contexto, a Microsoft, reconhecida como um dos “guardiões de acesso” pela UE, está a adaptar-se a esta nova realidade. A empresa anunciou que está a desenvolver novas versões dos seus sistemas operativos, Windows 10 e Windows 11, para estarem em conformidade com a DMA. Estas mudanças são significativas e afetarão um vasto número de utilizadores.
Chris Nelson, responsável pela função de cumprimento da DMA na Microsoft, detalhou no blog oficial da empresa os ajustes que estão a ser feitos, dividindo-os em duas categorias principais: design e gestão de dados. Entre as alterações mais notáveis, que já eram esperadas e são de aplicação obrigatória no Espaço Económico Europeu, destacam-se:
1. A capacidade de desinstalar o navegador web Edge.
2. A possibilidade de remover o motor de busca Bing.
3. Simplificação na desinstalação de OneDrive e outras aplicações pré-instaladas.
4. Desbloqueio da barra de tarefas de Windows e do painel de widgets para aplicações web e fontes de notícias de terceiros.
5. A separação entre o início de sessão em Windows com uma conta Microsoft e o início de sessão automático em outros serviços da empresa.
6. A proibição de utilizar dados de aplicações de terceiros recolhidos num PC Windows para fins competitivos contra os fornecedores dessas aplicações.
7. A obrigação de informar expressamente os utilizadores quando combinar dados de Windows com outros serviços.
Embora estas mudanças representem um avanço, ainda existem pontos a serem cumpridos, como a capacidade de desinstalar outras aplicações. Além disso, há questões controversas, como as contas ID de Microsoft, que por enquanto não serão alteradas. Organizações e competidores têm questionado a forma como as grandes tecnológicas estão a aplicar a DMA. A Apple, por exemplo, tem sido alvo de críticas pelo seu “cumprimento malicioso” da norma.
Pessoalmente, vejo estas mudanças como uma vitória para os utilizadores. A possibilidade de personalizar e controlar os sistemas operativos e serviços que usamos diariamente é fundamental para uma experiência de utilizador positiva. Contudo, é crucial que continuemos atentos e exigentes para assegurar que as empresas cumpram não só a letra, mas também o espírito das leis, mantendo os mercados digitais justos e abertos para todos.