É de conhecimento comum a popularidade do sistema do robô verde, da Google. As versões, que já tiveram nome de sobremesa, têm vindo a trazer novidades ao longo dos anos. Mas será que o mercado Android é realmente rico, seguro e fiável? As respostas podem ser simples, mas a solução está longe de trazer consenso. Assim, com esta publicação, refiro-vos diversos pontos que me fazem amá-lo, como detestá-lo.
5 coisas que adoro no Android
Versatilidade
Ao entrar numa qualquer loja de venda de produtos tecnológicos, somos imediatamente absorvidos pelos enormes expositores de smartphones Android. E, não sendo só as panóplia crescente de marcas, encontramos também uma diversidade gigantesca nas especificações. Quer seja um ecrã de 5 polegadas para um de 7, quer em designs retangulares ou arredondados, escolher um smartphone Android pode ser uma autêntica dor de cabeça. Mas, honestamente, é uma dor de cabeça boa.
A versatilidade presente neste sistema operativo de código aberto possibilita que consigamos praticamente escolher o melhor conjunto de hardware e software para nós. Uma escolha que, não só tendo diferentes faixas de preço, nos permite atender à usabilidade que esperamos para o equipamento. Algo que tanto pode passar pelo melhor processador, memória e armazenamento do mercado, até a uma câmara fotográfica satisfatória, ecrã com a mais recente tecnologia, tudo enquanto damos preferência como fator decisivo à capacidade da bateria.
Personalização
Estes elementos levam a um ponto de extrema importância: a personalização que, após escolhermos o hardware, o software nos pode dar. Não é somente mudar o wallpaper, adicionar widgets ou ativar o modo escuro no telemóvel. É o escolher a velocidade de carregamento, a taxa de atualização do ecrã, ou se queremos criar ações automatizadas para nos ajudar na produtividade, entretenimento ou na hora de poupar bateria. É pegar na versatilidade e, no equipamento que escolhemos e do seu suporte, criarmos uma experiência única de utilização e que a marca nos possibilita.
Inovação Tecnológica
Este é dos pontos que mais me torna um entusiasta em dispositivos Android. Não somente pela facilidade que o sistema nos deixa experimentar diversas aplicações e de diferentes fontes, mas a forma como as marcas puxam a tecnologia ao limite.
Os primeiros exemplos disto começaram a ser notórios na qualidade e formas dos diferentes ecrãs dos aparelhos. E, quer estes sejam planos ou curvos, a resolução dos mesmos foi algo que veio a melhorar nos últimos anos. Afastando-nos deste panorama, temos ainda diversos exemplos de tecnologias que chegaram primeiro ao Android, como a inclusão de carregamento rápido tanto por fio, como por wireless, NFC, taxas de atualização superiores, ecrãs dobráveis, gravação de vídeo em HDR a 4K e 8K, impressão digital no ecrã, colunas front-sorround, desempenho melhorado exclusivamente para jogos ou, recentemente, a inclusão de diferentes sensores fotográficos, dos quais o periscópico para o zoom ótico.
Para além das evoluções tecnológicas, algumas delas forjam-se com o uso de diferentes materiais de construção do dispositivo e sua durablidade. Algo que confere ainda mais personalidade no produto que temos em mãos.
Acessibilidade
Tudo isto eleva a experiência de compra e faz com que tenhamos diferentes faixas de preço para cada carteira. Em muitos modelos, nomeadamente os de marcas chinesas, conseguimos poupar diversos trocos na hora de obter um smartphone com a melhor tecnologia. Claro que isto pode vir com um custo, mas traz elementos como a impressão digital no ecrã para as mãos de todos.
O fator concorrência também entra aqui, em que marcas como a Huawei e Xiaomi conseguiram puxar toda uma indústria ao ponto de tornar, por exemplo, zoom ótico de 5x ou 10x algo padrão em todo o telemóvel premium. O mesmo se verifica na rápida adoção de tecnologias que a Apple apresenta aos seus dispositivos após anos de desenvolvimento que, em questão de meses, conseguem fazer-se ver em diferentes modelos Android.
Integração com o Windows
Se a Google é dona do sistema operativo com maior adoção à escala mundial, o mesmo de pode dizer da Microsoft. E, com uma adoção massiva ao Windows 10 e com diversos rumores a apontar para o suporte nativo neste sistema de aplicações Android, o casamento entre a Google e a Microsoft parece ir de vento em poupa.
Aliado a este facto, estão as diversas atualizações que a Microsoft fornece ao seu sistema e que aprimoram, por exemplo, a conexão de um smartphone Android ao Windows. Algo que, na hora de ser produtivo, ajuda. É certo que a Samsung se tem mostrado a maior parceira nesta ambição, mas o certo é que, independentemente do dispositivo Android que se tenha, ligá-lo a um PC Windows torna-se fácil. Algo que permite não só a troca de ficheiros, como até a realização de chamadas e envio de mensagens.
5 coisas que detesto no Android
Desfragmentação
Seria estranho falar no Android sem referir este ponto e, mesmo que diversas empresas estejam a melhorar o seu sistema de distribuição de atualizações, o certo é que os esforços da Google parecem ilusórios.
Ao longo dos últimos anos temos visto diversas marcas começarem a distribuir atualizações para as suas drivers e/ou processamento gráfico por meio da PlayStore ou loja de aplicações próprias. Contudo, isto é algo que acontece quase exclusivamente em smartphones com processadores topos de linha e, mesmo que esta solução seja positiva, assim como as atualizações de segurança à PlayStore que chegam pela mesma, a adoção do sistema operativo mais recente não parece encontrar resposta.
Algumas OEM´s, como a Samsung, parecem dispensar alguns destes esforços já que, por exemplo, a função de “seamless updates” não é sequer suportada pelos últimos dispositivos da marca. Uma função que ajuda na hora de gerir pacotes e de realizar a atualização necessária enquanto o utilizador usa o smartphone.
Este ponto parece ganhar ainda mais relevância, não no mercado de smartphones topos de gama, mas nos de gama média e baixa, onde os consumidores podem esperar, na maioria dos casos, somente uma grande atualização de sistema operativo.
Publicidade
Bem sabemos como a Google sobrevive por conta de dados. E, sendo esta uma das moedas mais poderosas do mundo, alguns dispositivos utilizam publicidade própria para justificar os seus preços baixos. Pode até ser algo que muitos utilizadores não veem como problemático, o certo é que coloca a nossa privacidade em risco.
Gimmicks
Falei com paixão da evolução tecnológica que o Android, por conta das fabricantes, consegue trazer a cada ano. O certo é que, se empresas como a Apple demoram a maturar o seu hardware e software até estar a um ponto confiável, o mesmo não se pode dizer de muitas das funções alvo de marketing por conta das marcas.
Sim, é excelente ter uma câmara com zoom híbrido de 100x, mas é realmente utilizável? Ter gravação 8K parece excelente, mas a mesma consegue ser consistente? E mais: consegue o processador aguentar com longas sessões de gravação? Estes são os exemplos mais fáceis de encontrar, mas que ajudam a explicar como nem toda a evolução tecnológica no mundo Android consegue realmente ser um marco. Afinal de contas, não é à-toa que a Samsung, por exemplo, continue a apostar no fabrico de mais unidades dos seus modelos padrão do que nas variantes Ultra. O mesmo para o que aconteceu este ano, em que mesmo que um S21 Ultra não venda tão bem quanto os seus irmãos menores, este seja um marco tecnológico por tudo o que a fabricante introduziu quase como teste no ano passado, e com este modelo corrigiu.
Independentemente destes fatores, parece-me que as marcas têm de parar de dar atenção ao seu software não acabado em conferências de imprensa. Do que falo? De tanto a Huawei como a Samsung terem, nas apresentações da série P40 e S21, mostrarem funcionalidades de edição de imagem (nomeadamente no remover elementos da fotografia) quando, na realidade, estas funcionalidades só estão acessíveis se ativadas pelos utilizadores na área de testes das aplicações da Galeria. E, não me levem a mal, eu acho que é fabuloso as marcas envolverem os consumidores nas iniciativas de melhoramento de uma tecnologia, mas deviam ser mais transparentes quando o fazem em cima de um palco. Já imaginaram o que seria a marca Pera apresentar o iPera Watch 3 em que a função de batimento cardíaco existia só para ser aprimorada pelo teste pago pelo dinheiro dos utilizadores ao comprar o relógio? Não seria bonito.
Não só o facto de diversas fabricantes usarem publicidade, a própria Google torna-se uma inimiga na hora de dar ao utilizador controlo real dos seus dados. E, se empresas como a Apple caminham na direção de criar valor e laços de lealdade com os seus consumidores por conta desta preocupação crescente, a Google parece estar entre a espada e a parede na hora de proteger os seus clientes.
Novamente, este ponto pode não ser importante para os utilizadores Android, mas quando escândalos como o do Facebook fazem manchetes quase que todos os anos, o propósito da empresa não deveria mudar?
Bloatware
Não bastasse a preocupação com a nossa privacidade, são diversas as marcas que carregam o sistema operativo Android de aplicações desnecessárias ou até, em casos mais sérios, de instalar sem a autorização do utilizador aplicações que este, mais tarde, não conseguirá desinstalar.
Têm existido esforços neste sentido, em que as fabricantes procuram ir ao encontro das preocupações dos utilizadores. Mas será que estas tentativas têm tido resultado? Bem, atendendo a que a OnePlus, uma empresa que se diz focada no utilizador, instalou sem a sua autorização a aplicação da Amazon e sem dar possibilidade de a desinstalar, diria que há ainda um longo caminho a percorrer na forma como as diferentes empresas procuram extrair rendimento dos seus utilizadores. Algo que aconteça, quer num smartphone de 150€, quer de 2000€.